Tecido Acrobático
Escrito por: Daniela Helena Calça
Licenciada em educação física pela Faculdade de Educação Física da UNICAMP
O tecido é uma modalidade aérea circense, também denominada tecido acrobático, tecido aéreo ou tecido circense. Ao contrário de outras centenárias modalidades do circo, como o malabares, as acrobacias e o trapézio, o tecido apresentou seu desenvolvimento nos últimos anos (BATISTA, 2003; CALÇA E BORTOLETO, 2007).
Sobre a história desta prática, Desiderio (2003), traz um relato expressivo da historiadora de circo, Alice Viveiro de Castro, no qual relata que quando esteve no festival Internacional de Acrobacias de Wuqia (China), em 1999, foram expostos alguns desenhos orientais apresentados por uma pesquisadora da escola de Circo de Beijin, com performances em grandes panos nas festividades dos imperadores da China por volta do ano de 600 d.C., utilizando a seda como tecido da época. Ainda segundo Desiderio (2003), no ocidente, um dos relatos mais antigos é uma experiência nas décadas de 1920 e 1930, em Berlim (Alemanha), por alguns artistas que realizaram movimentos com as cortinas de um cabaré.
Não se sabe ao certo quem o inventou, mas se acredita que o tecido é uma extensão do trabalho de corda lisa, uma modalidade que antigamente era de sisal e atualmente é de algodão (esta última confere maior flexibilidade e conforto durante as travas). Por sua vez, parece que as performances na corda tenham surgido das evoluções realizadas pelos artistas quando subiam ao trapézio, ou até mesmo durante a instalação (montagem) do circo, na qual se utilizam as cordas para subir e descer das alturas.
Por outro lado, alguns relatos indicam que foi na França que o tecido circense foi aprimorado após pesquisas com diferentes materiais (cordas, tecidos, correntes, etc.), realizadas pelo francês Gèrard Fasoli nos anos de 1980 (DESIDERIO, 2003). Neste período, chegou-se à utilização de um material bastante resistente no comprimento e, ao mesmo tempo, com elasticidade na largura, o que lhe confere grande plasticidade e leveza. Este moderno material denomina-se liganete. Possivelmente existam outras ligas sintéticas que podem ser utilizadas para esta prática. No entanto, o mais importante é que este material suporte o peso do praticante multiplicado até quatro vezes (aproximadamente).
A inexistência de regras e a necessidade de inovar e criar, típicas das artes cênicas, fez surgir diferentes formas de prática do tecido na modernidade. Deste modo, a forma de fixar (amarrar) o tecido, assim como a altura, pode variar, e estes fatores influenciarão os tipos de travas (ou chaves), truques e quedas que poderão ser executados. Geralmente, o tecido é fixado acima dos 4 metros de altura (até 12 aprox.), mas vale ressaltar que um trabalho de iniciação nesta modalidade pode e deve ser realizado a poucos metros de altura, o que oferece maior segurança para o aprendiz. Gradativamente, e à medida que o praticante for se desenvolvendo e adquirindo qualidades físicas, técnicas e atitudinais (confiança, etc.), a altura das evoluções podem ser implementadas.
De acordo com uma pesquisa realizada por Batista (2003), a prática do tecido aparece em diferentes contextos (espaços), não apenas debaixo da lona do Circo tradicional, mas também em academias, teatros, escolas, universidades, boates, clubes, dentre outros, e também com distintos objetivos. Bortoleto e Machado (2003) distinguem os três principais âmbitos de aplicação das atividades circenses: recreativo, educativo e profissional. Podemos dizer que o tecido circense já é praticado nestas três perspectivas e seus praticantes, geralmente, são pessoas que se apaixonam pela beleza e plasticidade desta modalidade, independentemente do objetivo de transformar-se num artista.
Dos aparelhos aéreos mais tradicionais das artes circenses (trapézios e suas variações, lira, bambu, corda indiana, argola olímpica etc.), o tecido é um dos aparelhos de mais fácil aprendizagem, sobretudo porque o material se molda ao corpo e se adapta de acordo com as características do praticante. Já os outros aparelhos, como o trapézio e a lira, por exemplo, exigem maior força e domínio corporal e também exigem que o corpo do praticante se molde ao aparelho, beneficiando, portanto, os que têm mais flexibilidade e força.
Referências Bibliográficas
BATISTA, N. S.; O Tecido Circense como manifestação da cultura corporal: fundamentos técnicos e metodológicos. Monografia de conclusão de curso; Universidade Estadual de Maringá, 2003.
BORTOLETO, M.A.C.; MACHADO, G.A.; Reflexões sobre o Circo e a Educação Física. Revista Corpoconciência, Santo André, nº 12, jul-dez. 2003.
CALÇA, D. H. e BORTOLETO, M. A. C.. La tela circense. Revista Zinkolika, volume 11, Barcelona, p. 23-24, 2006.
DESIDERIO, A.; Corpos Suspensos – o tecido circense como possibilidade para a educação física escolar. Trabalho de Conclusão de Curso(Graduação), Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
EUROPEAN FEDERATION OF PROFESSIONAL CIRCUS SCHOOLS (FEDEC). Pedagogical Tools. Disponível em: http://www.fedec.net/fr/fedecuk2.html [12-12-06].
SERRA, C. S.; Aproximando a educação Fisica ás Artes Cênicas: metodologia do tecido acrobático, Trabalho de Conclusão de curso (graduação) Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas 2005.
Pirofagia
Autor: Fausto Henrique de Oliveira
Literalmente piro=fogo, fagia=”comer”, a origem da palavra vem do latim: ato de comer fogo. O registro desta modalidade aparece antes de Cristo no EGITO e em ROMA.
A performance de pirofagia não é brincar com o fogo, antes de mais nada é preciso ter muito respeito ao elemento fogo; é a arte de engolir, cuspir e passar fogo no corpo, manipular objetos com tochas acesas de maneira performática e artística.
São performances arriscadas e perigosas, porém os profissionais da área encantam em todos os tipos de eventos. Deve-se ter muito cuidado ao praticá-la.
Modalidades Circenses
Escrito por: Daniela Helena Calça
Licenciada em educação física pela Faculdade de Educação Física da UNICAMP
Segundo Dantas (1980), os números circenses podem ser aéreos ou de solo, individuais ou em conjuntos, mistos ou isolados. Conforme as funções desempenhadas nos números de conjuntos, os artistas se classificam em porteurs (Portadores) e volantes.
Os números aéreos abrangem: vôos em trapézio, trapézio fixo, tecido, corda indiana, lira, bambu japonês, anéis volantes ou argolas, arame, trapézio duplo, corda bamba, quadrante, entre outros.
Os números de solo incluem: báscula, jogos icários, antípodas, parada de mãos ou de cabeça, saltos, contorcionismo, dandys acrobáticos, jogos malabares, equilíbrio de objetos, escada livre, etc. Todos estes números típicos da arte circense exigem dos executores uma formação acrobática e o domínio dos saltos elementares (rondada, flic-flac, salto mortal).
Num nível mais elaborado estão o adaggio, a patinação, bicicletas e monociclos, motocicletas, ventriloquia, ilusionismo, faquirismo, telepatia, números com animais amestrados. No circo moderno, costuma-se valorizar mais os números que envolvem habilidades corporais, deixando os de adestramento animal.
Por tudo isso, não pertence apenas á criança o rico universo do circo. Para seu espaço convergem todas as energias de auto superação, elevação, coragem, força, equilíbrio, manipulação da magia e do domínio corporal. Atualmente, além dos espetáculos, as modalidades circenses tem sido alvo de atividade física lúdica e de projetos sociais que buscam nesta Arte (Figueiredo 2007) os valores pedagógicos necessários para investir no ser humano com mais auto-estima e sonhos.
Fontes consultadas:
Dantas, Arruda.; Piolin, São Paulo, Editora Pannartz, 1980.
Duprat, R. M., Atividades Circenses: possibilidades e perspectivas para a educação física escolar; dissertação de mestrado apresentado na Faculdade de Educação Física da Unicamp, Campinas , 2007.
Figueiredo, C. M. de S. As vozes do Circo Social. Dissertação de mestrado apresentado na Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2007.
Acrobacias
Escrito por: Daniela Helena Calça
Licenciada em educação física pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Os exercícios de acrobacia são os pioneiros entre as modalidades circenses e não se tem certeza quanto a sua origem. Alguns estudos dão indícios de que essa técnica começou na China, onde foram encontradas pinturas de cinco mil anos atrás, onde estão retratados acrobatas, contorcionistas e equilibristas.
As artes cênicas, em geral, existem desde que o homem começou a se expressar fisicamente. Desde a Antiguidade, com as manifestações religiosas isso estava muito conectado com a dança, o ser humano começa a dançar e a explorar as possibilidades do corpo. Existem figuras da Antiguidade que mostram pessoas saltando, fazendo parada de mão.
Este registros marcam o início da acrobacia nos moldes mais parecidos com o que se tem hoje: “Na Idade Média, os saltimbancos e os atores da comédia Del’arte usavam bastante a acrobacia”.
Ao longo do tempo, as técnicas foram depuradas e a acrobacia hoje tem uma ligação muito próxima com a ginástica olímpica, criação dos militares alemães, porém, com uma diferença: Um é esporte de competição e o outro é expressão artística.
Fisicamente, a acrobacia é um exercício físico que se aproxima de completude: Trata-se de uma disciplina que lida com saltos, equilíbrios, cama elástica. Por conta disso, trabalha todas as partes do corpo, sendo que, fundamentalmente, é exigido muito do abdome.
No Circo as acrobacias envolvem desde acrobacias individuais como rolamentos, estrelas, paradas de mão e de cabeça, flic flac, mortal; como também acrobacias em dupla como icários, modalidade mão-a-mão, em grupos como as pirâmides, banquine e os dandyz acrobáticos; podem ser realizadas com o auxílio de aparelhos como cama elástica, minitramp, báscula, barra Russa, maca Russa, realizando saltos e acrobacias no ar; dentre outras variações.
Trapézio
Escrito por: Daniela Helena Calça
Licenciada em educação física pela Faculdade de Educação Física da UNICAMP
Marco Antônio Coelho Bortoleto
Doutor e Prof. da Faculdade de Educação Fisica da UNICaMP
Segundo alguns relatos, as modalidades aéreas são aquelas que permitem exibições aéreas, ou seja, sem contato direto ou duradouro do artista com o solo. É provável que este tipo de prática tenha surgido a partir do aprimoramento das técnicas utilizadas para fuga na China, há milhares de anos, especialmente pelas mulheres que tentavam escapar dos refúgios e prisões que impunha o estrito regime político da época. Além disso, o domínio das cordas e de outros elementos que permitiam subir e descer de alturas foi de grande interesse para a guerra, e, portanto, uma técnica necessária e freqüentemente estudada e empregada pelos soldados (parte do adestramento militar). Sabe-se ainda que, já no Renascimento, os artistas mambembes utilizavam aparelhos semelhantes ao trapézio, possivelmente as primeiras versões do mesmo.
Também existe a hipótese de que estas práticas tenham surgido a partir dos marinheiros que, com muito tempo no mar e vasta experiência com as cordas e mastros, desenvolveram técnicas que depois puderam ser utilizadas nas apresentações. As técnicas de nós e amarrações dos marinheiros, muito semelhantes à dos artistas, são indicadores desta teoria, conforme relatou Rodrigo Matheus1.
Uma das mais importantes contribuições para o desenvolvimento do trapézio, em particular para a modalidade de trapézio ao vôo, foi realizada pelo acrobata francês Jules Léotard (Kissel, 2007). Segundo a wikipedia,
Jules Léotard (1839 – 1870), est probablement né en 1837 à Toulouse, c’est lui qui en 1867 à inspiré la chanson The Daring Young Man on the Flying Trapeze grâce à son invention : le Trapèze volant! C’était (dani, pelo que sei de francês, é était e não étaite, confirme a fonte) le fils d’un proffesseur d’acrobaties. Il rejoigit le 12 novembre 1859 le Cirque Napoléon (devenu maintenant le Cirque d’Hiver de Paris) où il fit sa première apparition publique au Trapèze volant. Il exécuta un saut périlleux et le premier passage en “trapèze-trapèze”. C’est aussi à lui que nous devons le léotard, maillot qu’il a inventé pour laisser le corps libre de ses mouvements et faire apparaître sa musculature. Fonte: www.wikipedica.org (12/03/07).
No entanto, não há registros precisos de quem inventou, nem de onde surgiram as primeiras experiências artísticas com o trapézio, tampouco de como ele foi introduzido no contexto circense. Contudo, podemos dizer que o desejo e a fantasia de “voar”, cultivados pelo homem, foram determinantes para o surgimento do trapézio (DALMAU, 1947).
A modalidade de áereo mais antiga que se tem informação é o trapézio (ORFEI, 1996). Parece que foi a partir dela que surgiu a maior parte dos aparelhos empregados nas performances circenses aéreas, possivelmente existam dezenas de variações de cada modalidade aérea, as principais do trapézio são: Trapézio Fixo, Trapézio de Balanço, Doble Trapézio, Trapézio ao vôo, Trapézio duplo/Triplo, Trapézio Wasinton, que diferenciam no formato e tamanho do aparelho e nas acrobacias realizadas individualmente, em dupla, com portagem, em balanço, com voô, dentre outras.
O artigo: O Trapézio Circense: estudo das diferentes modalidades, publicado na revista digital (www.efdeportes.com) – Buenos Aires ano12 nº 109 em junho de 2007, faz um estudo mais detalhado sobre as modalidades do trapézio.
Referências Bilbiográficas:
CALÇA, D. H., BORTOLETO, M. A. C.. O trapézio circense: estudo das diferentes modalidades. Revista Digital, Buenos Aires, ano 10 nº 109, junho 2007. (www.efdeportes.com)
DALMAU, A. R.. El Circo en la vida Barcelonesa: crónica anecdótica de cien años circenses. Ed. Milla, Barcelona, 1947.
KISSEL, Joe. The Trapeze: How Jules Léotard revolutionized the circus. Disponível em: http://itotd.com/articles/366/the-trapeze/ [09-01-07]
ORFEI, A. O Circo viverá. São Paulo: Ed. Mercuryo, 1996.
1 Algumas das informações que compõem este artigo foram obtidas a partir do relato de experiência de dois artistas tradicionais de circo (Marion Brede, artista alemã radicada no Brasil e seu filho, Alex Brede, quinta e quarta geração circense respectivamente) e da consulta a outros dois especialistas em circo: Rodrigo Matheus, coordenador do Centro de Formação Profissional em Artes Circenses (CEFAC – São Paulo – Brasil) e Gustavo Arruda de Carvalho (Professor da Escola de Circo Rogelio Rivel – Barcelona e artista da Cia Los Gingers, Espanha).
Introdução a Pedagogia das Atividades Circenses 1
Informações sobre o Livro “Introdução a Pedagogia das atividades Circenses I”
“…Iniciamos a anos diferentes estudos que pretendem desvendar alguns aspectos pedagógicos materiais tecnológicos das praticas circenses e sua realização com os diferentes âmbitos de manifestação.
Nos dedicamos a estudar e organizar uma metodologia específica para ensino dos conhecimentos circenses, recorrendo ao notório conhecimento dos artistas tradicionais circenses, assim como outros conhecimentos próprios da ciência, da educação e da atividade física.
Tornar pública esta produção é parte fundamental de um projeto a longo prazo que pretende o aperfeiçoamento dos recursos humanos e dos conhecimentos que conformam o processo de perpetuação do Circo.
Esta obra pretende apresentar os princípios elementares para o ensino de diferentes modalidades circenses, independentemente do âmbito onde eles sejam tratados (educativos, social, recreativo ou artistico – profissional), assim como discutir os fundamentos necessários para a otimização do processo de formação corporal do artista circense (preparação corporal, segurança,etc.)…”
Modalidades abordadas neste livro: Acrobacias de solo; Malabares (bolas); Palhaço; Rola-rola; Parada de mãos; Acrobacias coletivas; Monociclo; Tecido; Trapézio Fixo; Báscula; e Textos sobre: Saberes Circenses – ensino/aprendizagem em movimentos e transformações; Nutrição e Circo; As relações do Circo com a Escola; Construção de materiais;
Referência Bibliográfica: Introdução a pedagogia das atividades circenses: Marco Antônio Coelho Bortoleto (org.) – Jundiái, SP – Fontoura 2008.
Introdução a pedagogia das atividades circenses 2
“A diversidade e a complexidade das Artes do Circo constituem um ponto de partida de qualquer reflexão, e simultaneamente são geradoras de grande dificuldades para estudos aprofundados na temática. Cotidianamente nos deparamos com novas possibilidades artísticas, com inovadoras formas de apresentar os conhecimentos circenses, bem como com modalidades e práticas ainda pouco estudadas e divulgadas.
Dedicamos ainda, parte deste segundo volume, para discutir alguns aspectos formais e teóricos deste segmento artístico, saberes que permitem uma marior contextualização, visão crítica e educativa, e, desta forma, a consolidação de um campo de conhecimento, denominado Circo. Uma Arte que, a nosso ver, pode e deve ser tratada com o mais profundo respeito pela ciência.
Convidamos a todos, ao segundo ato do nosso espetáculo pedagógico circense, carregado de muita serragem, pipoca, palavras e alegria.”
Modalidades circenses abordadas neste livro: Malabares-passing claves; Mastro chinês; Lira; Arame fixo; Trampolim acrobático; Roda alemã; Equilíbrio de objetos; e mais textos sobre: Jogos circenses como recurso pedagogico; O palhaço e o Circo-Teatro; Segurança no circo; Circo Social Brasileiro, da ação social educativa a produção artística; Circo-Teatro é teatro no circo; construção artesanal de objetos e propostas.
Referência Bibliográfica: Introdução a pedagogia das atividades circenses Volume II: Marco Antônio Coelho Bortoleto (org.) – Jundiái, SP – Fontoura 2010.